Autor: Artur Azevedo
Contos Possíveis
1908
Zulmira, filha de um fazendeiro, era muito tola, muito mal-educada e muito caprichosa.
Um bom rapaz achava-a bonita e como estava apaixonado por ela não via nenhum de seus defeitos.
Perguntou-lhe uma vez se consentia que ele fosse pedi-la ao pai.
Ela respondeu:
-Pode sob uma condição, que seu nome seja impresso em um jornal, não sua assinatura mas seu nome. É preciso que não seja coisa sua.
Epidauro, como assim se chamava o namora, parecia não ter compreendido. Zulmira acrescentou:
-É um capricho.
Epudauro aceitou e foi para casa. Depois de muito pensar Epidauro, decidiu escrever uma carta ao jornal do Rio de Janeiro, dando-lhe noticias de Mar de Espanha.
Mas o pobre namorado tinha que enfrentar duas dificuldades, a 1° é que nada acontecera em Mar de Espanha e a segunda é que não sabia como encaixar seu nome na correspondência.
Por fim conseguiu escrever duas tiras de papel de notícias desta espécie, ainda conseguiu colocar seu nome na carta. Enviou para o jornal mas ela não foi publicada.
O pobre rapaz resolveu tomar o trem de ferro.
-Á corte!Á corte!- Dizia ele consigo- Por todos os meios meu nome há de ser publicado!.
E veio para a corte.
Da estação foi direto para o escritório do jornal e registrou graves queixas contra o serviço da estrada de ferro e pediu para que fosse publicado que ele era o informante.
Mas nem mesmo a queixa foi publicada.
Epidauro Pamplona não desesperou. Viu que no jornal todo o dia se publicava o nome dos contribuintes.
E foi levar 5 mil-réis à redação, com tão má letra assinou, porém, que saiu: Epifânio Peixoto.
Ele foi novamente ao jornal de assinou mais 2$000. No jornal saiu que por causa desta quantia estava fechada a subscrição.
Uma folha caricata costumava responder ás pessoas que mandavam seus versos.
Epidauro mandou uns versos, e que versos! A resposta dizia: "Sr. E. P.- não seja tolo."
Procurou muitos outros meios para fazer imprimir seu nome, mas jamais conseguiu faze-lo.
A última tentativa não foi a menos original, todo dia via no jornal o nome das pessoas que foram cumprimentar Sua Majestade, o Imperador.
No dia em que ele ia ir cumprimentar Sua Majestade teve febre a caiu de cama.
Zulmira, em Mar de Espanha, estava sentada ao pé do pai. Havia lhe contado a condição que impôs a Epidauro.
Um empregado entra trazendo o jornal, a moça o abre e vê finalmente o nome de Epidauro publicado: no obituário.
"Epidauro Pamplona, 23 anos, solteiro, mineiro- Febre perniciosa."
Excelente esse conto.
ResponderExcluirachei 1 bosta
ResponderExcluirIsso é a historia n um resumo
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