Machado de Assis
Jornal das famílias
1873
Contos Fluminenses II
Eu compreendo o gosto dos homens por briga de galo e por fumar, o que eu não entendo é o gosto de dar notícias.
E quantas pessoas não conhecem uma pessoa com a vocação de espalhar boatos? Há famílias numerosas deles. O noveleiro deve saber quando dar a notícia e como da-la.
Não compreendo este ofício, dizem que é coisa natural do homem saber a respeito de algum objeto.
Há coisa de sete anos, um típico noveleiro de mais ou menos uns 30 anos, sabia como ninguém escolher como e quando dar uma notícia. Se tinha uma noticia, não a dava logo de cara, esperava o momento certo, sabia exatamente como despertar a atenção dos ouvintes e como dar a notícia.
Não se pode negar que este era um prazer singular, mas Luís da costa, como se chamava, um dia experimento as asperezas de seu oficio.
Foi ele na loja Paula de Brito, havia cinco pessoas na loja, Luís da Costa comprimentou todos e começou a contar que a sobrinha do Major Gouveia havia fujido com um alferes, por que era muito bonita e por que seu namoro era proibido.
Ma mal sabia ele que um dos presentes na loja era o próprio Major Gouveia, quando descrubiu do fato ficou petrificado olhando para o homem. O Major Gouveia disse depois de 5 minutos:
-Ouvi sua história e me diverti muito com ela, o fato é totalmente mentiroso mas quero que me diga quem a espalhou.
Luís da Costa disse depois de pensar:
- Foi o Pires.
-Então vamos atrás dele.
O major saiu arrastando Luís da Costa pela rua até o escritório do Sr Pires, mas ele não estava lá, sem desistir o Major Gouveia arrastou Luís até a casa de Pires na Praia Grande, onde esperava concluir o mistério.
Continua...
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