sábado, 2 de abril de 2011

A cartomante

A cartomante
Lima Barreto
Contos e Novelas
Garnier, Rio
1990

Na duvida de por que sua vida se atrapalhava tanto, alguma influência misteriosa preponderava. Ele se tentava qualquer coisa, dava errado. Quando estava quase conseguindo um emprego na Saúde Pública, a política mudou. Se jogava no bicho, dava sempre o grupo seguinte. se não fosse pelas costuras da mulher estaria perdido.
Queria fugir, mas como sem dinheiro? Tinha certeza, porém, que todas as suas infelicidades vinham de forças misteriosas. Mas se era uma maldição tinha que haver alguém que a desfizesse. Acordou alegre com a ideia, e foi para a rua procurar um jornal onde pudesse haver cartomantes, cartomantes e coisas do género.
A que mais simpatizou foi com uma cartomante, pois no anunciado dizia o seguinte: "Madame Dadá, sonâmbula, extralúcida. Deita as cartas e desfaz toda a espécie de feitiçaria, principalmente a africana, Rua etc.".
Gostou pois já adquirira a convicção de que fora seu cunhado que jogara uma praga nele, por meios africanos.
Quando desfizesse o feitiço sua vida voltaria a prosperidade e ele poderia comprar presentes aos seus filhos!
Ele foi para a cartomante com toda a felicidade, mas ao chegar lá a cartomante era sua mulher.

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